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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

SERENO

Foto: Paulo Poeta / Casa do meu Tio Avô - onde passei parte da minha infância - 2012

(Poema escrito em 12 de abril de 2010, de certo num momento bem saudosista. Nada mais é que uma forma retratar a perseverança e vivacidade do homem do campo, que sempre sorri e alegra-se com o verde que chega com a chuva. E nada mais somos senão a alegria que carregamos com as nossas chuvas. A casa da foto é casa que me recebe como chuva, seja no período seco ou molhado, pois toda vez que regresso sou recebido com risos e carinho. A casa da foto representa muito do pouco que sou.)


Bendito ao canto,
ao som de encanto,
da chuva em pranto.

Chuva fina,
lá pela serra,
molha a tapera,
bate no chão-batido,
molha o umbigo
no quintal plantado.

Chuva de molho,
molha a caatinga rala,
rela a relva
e tudo abala,
fazendo germinar
o verde e o brilho nos olhos.

Nasce cheiro de mato.
Corre o lagarto
Pelos galhos ainda secos.
No casulo, a borboleta
quer se libertar...
E o vento em carícia
traz a beleza
que esfria mais o sol,
enche o campo de mais verde
e o sertanejo abre o riso.

A chuva chove.
E em cada chuva
renasce infância,
como se em cada pingo
uma ânsia e a saudade.
E em cada chuva
nasce a esperança
do povo que planta o legume
e planta a alegria de todos os dias...

Molhando minha mente
na biqueira que tomei banho,
rego de saudade o que sou hoje:
Homem-criança.
Menino-adulto a cada chuva
e em cada pingo uma lembrança,
de mim mesmo e dos meus...

Crescido, nada mais sou
que um sereno em mim mesmo.

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