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quarta-feira, 20 de março de 2013

MONÓLOGO SOCIAL


Foto: Paulo Poeta / Centro Georges Pompidou - Paris - 2012

Sou mesmo um pedaço de carne podre!
E você? Não? Sei quase tudo sobre mim,
passo parte do meu tempo a me conhecer.
E você? O que você faz do seu tempo?

...Busca mais definições a meu respeito
e a respeito de quem não te enxerga.
Para que gastar teu mal gosto assim?
Para que guardar tanta certeza sobre mim
e não conhecer quase nada de ti?

Eu jamais te direi que tenho pena!
Mas quando tomo parte do meu tempo
e vejo seu olhar vazio, e drástico,
sinto como se você sentisse pena de mim.

Às vezes, eu tenho medo, sinceramente.
Eu não te conheço muito bem, talvez,
não como eu verdadeiramente quisesse,
o que mais conheço são teus olhos vorazes,
Às vezes, eu tenho medo que eles me devorem.

Não me faça isso! Não te faça isso!

Talvez você conheça a roupa que eu visto,
os lugares que eu frequento, o meu vinho
e o meu prato predileto, mas tenha certeza:
sou bem mais que a fome dos teus olhos,
sou bem que a podridão dos teus conceitos.

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